Política

General Heleno publica nota em tom de ameaça ao Supremo

Ministro publica documento em tom de ameaça no Twitter, após STF encaminhar pedido de apreensão de celular do presidente da República

(Foto: Agência Brasil)

Aflaudísio Dantas
aflaudisio@ootimista.com.br

O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, publicou em suas redes sociais em tom de ameaça ao Supremo Tribunal Federal (STF). Chamada de “nota à nação brasileira”, o texto faz ameaças explícitas à estabilidade da democracia, caso se concretize o pedido de apreensão do celular do presidente da República, Jair Bolsonaro.

“Caso se efetivasse, seria uma afronta à autoridade máxima do Poder Executivo e uma interferência inadmissível de outro Poder na privacidade do Presidente da República e na segurança institucional do País”, dispara Heleno.

A nota assinada pelo general encerra em tom de clara ameaça ao STF. “O Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República alerta as autoridades constituídas que tal atitude é  uma  evidente tentativa de comprometer a harmonia entre os poderes e poderá ter consequências imprevisíveis para a estabilidade nacional”.

A nota é uma reação a decisão do ministro Celso de Mello que encaminhou para a Procuradoria Geral da República pedidos para colher depoimento de Jair Bolsonaro e apreensão do seu celular para perícia. O pedido é fruto de três queixas-crime apresentados por entidades e partidos de oposição. Cabe ao procurador-geral da República se manifestar sobre os pedidos.

Reações fortes

A nota do ministro-chefe do Gabinete Institucional da Presidência gerou reações contundentes no mundo jurídico e fora dele. O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Feliope Santa Cruz disse em seu perfil no Twitter que o presidente ainda vive em 1964 e que deveria se preocupar em contribuir com o Brasil. “As instituições democráticas rechaçam o anacronismo de sua nota. Saia de 64 e tente contribuir com 2020, se puder”, alfineta.

Já o governador do Maranhão, Flávio Dino (PC d0 B), chamou a nota de ameaça inaceitável ao STF. “Na República, nenhuma autoridade está imune a investigações ou acima da Lei. E na democracia não existe tutela militar sobre os Poderes constitucionais”, afirma.

O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) afirma que o teor da nota é criminoso. A deputada federal Tábata Amaral (PDT-SP) ressalta que o STF apenas seguiu o rito jurídico e que a nota do general Heleno foi irresponsável. O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirma que o general infrigiu a segurança nacional e cometeu crime de responsabilidade.

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